Minha essência 🏳️‍🌈

  Deu-se início uma grande guerra dentro de mim, meu reflexo não transmitia a imagem que eu queria, a imagem de quem eu realmente era. Via um alguém que os outros construíram, eles que moldaram aquele ser do reflexo. E porquê? Por quê aquele ser do reflexo me fazia sentir tão mal? Minha cabeça doía tanto, meus pensamentos entravam em colapso, minha mente estava prestes a sucumbir a loucura. Eu chorava! Ninguém via minhas lágrimas, ninguém ouvia meus gritos. 
  O tempo foi passando e eu já não conseguia mais me ver. Fui fugindo de mim mesmo, eu estava agradando aos meus entes, isso que importava. Eles se sentiam bem comigo. No meu quarto quebrei o único espelho que tinha. 
  Meus pais não entendiam o que estava acontecendo, me perguntavam porque do meu comportamento de rebeldia, desdém, repúdio. Meu cabelo parecia uma vassoura de varrer o chão do banheiro. Meu rosto transmitia a imagem de um zumbi. Dias após dias eu me sufocava. No meu quarto havia uma corda, onde todos os dias eu me matava, me mutilava, não corporalmente, mas mentalmente. Minha mente estava dilacerada por brigar constantemente comigo mesmx, e o pior de tudo : eu sempre perdia. Como pode eu perder para mim mesmo? E aquilo me sufocava, já não aguentava mais. 
  Sonhei com um mundo onde eu podia ser eu em minha essência, não havia cara feia pra mim, me aceitavam. Acordei! Era só um sonho. Levantei, resolvi realizar aquele sonho. No sonho as pessoas me aceitavam, e eu? Porquê não me aceitar? Porquê? 
  Comprei um espelho. Me sentei de frente pra mim. Eu chorava tanto. Mas eu estava decididx. Foi muito difícil travar aquela batalha, entre tapas e mais tapas. Apanhei muito. Até que me aceitei como eu sempre fui. 
   Resolvi sair do meu quarto e encarar o mundo, o mundo era meus pais. Nós sentamos. Os encarei, a voz embargou, não sentia minhas mãos, meus pés já não estavam em terra firme. Novamente chorava tanto quanto uma criança. Meu pai apertou minha mão e disse : Ei, calma, respira, e diga oque  você quer dizer, diga o que tem que dizer. Quando levantei meu rosto, vi no semblante dele uma lágrima descer. Não entendi. Ele me abraçou tão forte que senti todos os meus ossos quebrarem. Aquele abraço símbolizava uma aliança, a aliança mais sincera e pura que eu já pude sentir. Meus olhos jorravam lágrimas, meus soluços atacaram forte. 
   No olhar de meu pai estava o mais puro sentimento : amor. Foi só isso que eu senti. 
  Os dias de passaram e meu eu, ele já não estava mais aprisionado. Aquelas correntes que me machucaram eu as guardei. Não quero esquecer delas, elas já não me causam algum tipo de dor. Elas me ensinaram muito. 
  Hoje posso dizer : SOU LIVRE, SOU EU, EU VIVO MINHA ESSÊNCIA. 
  


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